terça-feira, 24 de maio de 2011
Meu parque de diversão
Hoje decidi escrever sobre as casas dos livros: as livrarias e bibliotecas. A primeira vez que matei uma aula na vida foi, aos oito anos, quando tirei minha primeira carteirinha na biblioteca da escola. Fiquei escondida entre as estantes, devorando os livrinhos infantis, como A Curiosidade Premiada e Lúcia Já Vou Indo. Guardadas as devidas proporções, ainda faço a mesma coisa quando entro numa livraria. Perco as horas dentro delas, passeio pelas estantes, abro alguns livros, folheio, leio, releio. Livrarias para mim são como parque de diversão para criança. Passear por várias delas está entre o meu ritual sagrado de férias, onde quer que eu esteja. Em São Paulo, adoro andar pela Avenida Paulista e parar nas três maiores: Livraria Cultura, o shopping center dos livros; Fnac, onde eles não são tratados com tanto carinho (mas vale pelas promoções) e Martins Fontes, a minha preferida -- pela atmosfera, pela arquitetura, pelo silêncio. Em São Paulo, temos ainda a Livraria da Vila, irresistível em seu ambiente cool -- o que, infelizmente, atrai muita gente mais interessada em desfilar e tomar um cafezinho do que em literatura (o que só faz com que ela esteja sempre lotada aos finais de semana). E temos também as livrarias de shopping, como a Saraiva e Nobel que só servem para o urgente. Não tente encontrar nelas um título que não seja um autoajuda ou best seller (eu já tentei fazer isso algumas vezes e não consegui). Quando viajo, procuro também fuçar outras livrarias e bibliotecas. Em Lisboa, me encantei com a Bertrand, do Chiado, reconhecida -- dizem -- como a mais antiga livraria do mundo em atividade. Fundada em 1732, por lá passaram Alexandre Herculano e Eça de Queiroz. Linda, antiga, emocionante. A Biblioteca Joanina, do século XVIII, localizada no Pátio da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra carrega muito ouro brasileiro e é uma das mais espetaculares bibliotecas barrocas europeias. Vale a visita. A Biblioteca Pública de Nova York também merece ser espiada, assim como a de Vancouver, mais moderna, não menos aconchegante. Por fim, mas não menos encantadora, coloco a Ateneu, a livraria argentina que funciona num antigo teatro em Buenos Aires. Tudo ali combina: os livros, as cortinas, o café e os autores. Parada obrigatória para quem, como eu, gostar de perder horas entre as estantes. Se você é um deles, conte para a gente qual livraria ou biblioteca vale a pena ser visitada. Acima uma foto minha de 2008 na Ateneu, em Buenos Aires. (Daniela Diniz)
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Post mal humorado
Tive insônia esta noite. E o pior é que não conseguia voltar a dormir porque não parava de tocar na minha cabeça a nova coqueluche das redes sociais: "Oração", da Banda Mais Bonita da Cidade (http://www.youtube.com/watch?v=QW0i1U4u0KE). Se o fato de essa música ter grudado na minha cabeça como chiclete não é prova do quanto ela e a banda são ruins, seguem outros argumentos:
1. não dá para uma banca se autoproclamar a mais bonita da cidade. Um pouco de modéstia (ou, melhor, realismo), por favor;
2. o cantor principal se esforça, mas desafina em vários momentos;
3. a menina da flor na cabeça (que realmente tem uma voz bonita) aparece no vídeo com aquela cara "veja como estou feliz de cantar 'Oração'". Um tanto quanto irritante;
4. por último (e mais importante), a letra. Leiam:
Meu amor, essa é a última oração,
pra salvar seu coração
Coração não é tão simples quanto pensa,
nele cabe o que não cabe na dispensa (sic).
Cabe o meu amor,
Cabem três vidas inteiras,
Cabe uma penteadeira,
Cabem nós dois,
Cabe até o meu amor.
Isso é bonito, poético? Sete cabe/cabem. Rima pobre de oração/coração. Rimas paupérrimas de pensa/dispensa (em vez de despensa) e inteiras/penteadeira (hã?!?!). E tudo em uma repetição interminável de seis minutos?!?! Essa fórmula de bolo simplíssima para me dizer que o coração não é tão simples quanto pensa? Por isso que cada vez mais não curto o botão curtir do Facebook. Ele não dá espaço ao dissenso. Ainda bem que tenho o blog. #prontofalei (Leda Balbino)
1. não dá para uma banca se autoproclamar a mais bonita da cidade. Um pouco de modéstia (ou, melhor, realismo), por favor;
2. o cantor principal se esforça, mas desafina em vários momentos;
3. a menina da flor na cabeça (que realmente tem uma voz bonita) aparece no vídeo com aquela cara "veja como estou feliz de cantar 'Oração'". Um tanto quanto irritante;
4. por último (e mais importante), a letra. Leiam:
Meu amor, essa é a última oração,
pra salvar seu coração
Coração não é tão simples quanto pensa,
nele cabe o que não cabe na dispensa (sic).
Cabe o meu amor,
Cabem três vidas inteiras,
Cabe uma penteadeira,
Cabem nós dois,
Cabe até o meu amor.
Isso é bonito, poético? Sete cabe/cabem. Rima pobre de oração/coração. Rimas paupérrimas de pensa/dispensa (em vez de despensa) e inteiras/penteadeira (hã?!?!). E tudo em uma repetição interminável de seis minutos?!?! Essa fórmula de bolo simplíssima para me dizer que o coração não é tão simples quanto pensa? Por isso que cada vez mais não curto o botão curtir do Facebook. Ele não dá espaço ao dissenso. Ainda bem que tenho o blog. #prontofalei (Leda Balbino)
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