quarta-feira, 2 de junho de 2010

Desculpa pelos intervalos literários

Li hoje na Ilustrada da Folha de S. Paulo a entrevista com Ferreira Gullar, que ganhou ontem o Prêmio Camões, o principal da língua portuguesa. Lá, ele fala um pouco dos seus quase oitenta anos, do governo Lula e muito pouco do seu próximo livro de poesias Em Alguma Parte Alguma. O livro -- a ser lançando em setembro -- resgata sua própria literatura, esquecida há 11 anos. E ele dá uma ótima explicação para esse hiato entre uma obra e outra "Não sou poeta 24 horas por dia. É algo que surge espontaneamente". Senti-me aliviada ao ler isso. Se Ferreira Gullar pode dar uma ótima desculpa para se ausentar dos textos, por que eu não? Sei que o segredo de um blog está no fluxo de seus posts. Quanto menor o intervalo, maior o número de seguidores, mais comentários, mais audiência. E aí tantos blogs interessantes sobre vidas privadas que se tornam públicas se multiplicam e arrebanham seus leitores. Com literatura, é diferente. Não dá para escrever sempre, 24 horas por dia, simplesmente porque as palavras não são fórmulas. Não contamos aqui histórias nossas apenas, esmagadas em cotidianos superficiais. Mas propomos reflexões da e pela literatura. E mesmo quando decidimos expor um pouco de nossas vidas, narramos sentimentos e não fatos. E isso exige um pouco mais. Por isso, caros seguidores, peço -- aliviada -- desculpas pelos intervalos literários. Uma justificativa endossada por ninguém menos que Ferreira Gullar. (Daniela Diniz)

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