sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Há livros nas estantes.

Há o silêncio na sala vazia.

Há a caneta e o papel,

a luz a iluminar a sombra,

o não a revelar a dor.

Há o suspiro e a vergonha.

Os erros cometidos,

a volta impossível.

Há a morte.

O tempo.

E tudo o que arrasta:

nossa ilusão alegre,

nossas pretensões.

Há o frio e nenhuma espera.

Há a resignação posterior ao choro.

A respiração calma após a catarse.

Por quanto tempo?

Quando virão novas ilusões para acelerar a respiração,

remexer esperanças,

criar expectativas?

Não desta vez.

Agora só há indiferença.

O cansaço.

A preguiça de seguir.

Por que não só dormir?

Por que não deixar para nunca os arrependimentos?

Já foi. Tantos se me foram.

Estou só.

E os livros nas estantes.

À espera do folhear de páginas.

À espera.

Como a vida. (Leda Balbino)

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