A Época afirma em sua capa desta semana: "O último livro que você vai comprar." A foto que justifica a afirmação é a de um Paulo Coelho sorridente, segurando um Kindle. Trocando em miúdos: o escritor-esotério-sucesso-mundial tem nas mãos o livro eletrônico (e-book) da Amazon, cuja venda fora dos EUA (para mais de 100 países) começou neste mês. Com espessura de uma revista e as dimensões de um livro impresso tradicional, o aparelho possui capacidade de armazenamento de até 1.500 obras. Ou seja, se você se dispuser a pagar mais de R$ 1.000 pelo suporte e US$ 14 pelo download de cada um dos arquivos que quiser, será possível ter sua própria biblioteca portátil, com mecanismo de busca e espaço para anotação, para acesso quando quiser. Nada de folhear de páginas, de amarelar de folhas com o tempo, do cheiro de livro velho ou novo, de capa dura ou brochura, de diferentes tipos de edição... qualquer obra, seja Os Lusíadas, Don Quixote ou Dom Casmurro, terá como base o Kindle e sua tinta eletrônica (de leitura mais confortável, porque não emite luz própria). Então, será o fim do livro impresso? Considerando-se que, assim como os aparelhos de DVD e celular, o tempo e a demanda tendem a baixar o preço, é possível dizer que sim. O que ainda me deu a esperança de que continuarei por algum tempo sentindo a diferença de peso em minhas mãos de um livro de 100 páginas e um de 500 (o Kindle tem imutáveis 290 gramas) foi a pequena que vi no domingo, na livraria Nobel. Com uns 2 anos, um vestido rosa e branco e fitinhas no cabelo, ela corria feliz pela livraria com um pequeníssimo volume compatível com suas mãos diminutas. Sua mãe explicou: "Ela adora livros. Não pode ver uma livraria, que fica louca." Será o Kindle capaz de estimular tal paixão? (Leda Balbino)
terça-feira, 13 de outubro de 2009
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Sobre a parte de livros com páginas amareladas sou meio suspeita para falar, afinal faço história e bem ¬¬ os historiadores lidam com documentos velhos bem poeirentos, mas o fato é que considero que os livros não irão terminar nunca, porque o que faz com que algumas pessoas leiam é a própria imagem do livro em si, ou a confiança que tem mais em impressos do que digitais, o que ocorre em trabalhos acadêmicos por exemplo, você empobrece sua monografia ou artigo se citar apenas url ou sites (wikipédia então é morte), também há a idéia da sustentabilidade, pense em como custa ao planeta uma bateria de um Kindle e sob que condições de trabalho foi produzido?E não podemos dispensar totalmente tecnologias antigas, afinal elas foram úteis para desenvolver novas idéias e em casos de necessidade servem mais ao propósito, como em falta de energia um máquina de escrever.A Super lançou uma pergunta neste ano que mostra que há quem goste do livro e deteste computadores. O importante não é onde mas se iremos ler.
ResponderExcluirCreio ou quero quer que não. Acho que durante muito tempo ainda, haverá quem prefira as páginas amereladas, o lápis à mão para anotação e as orelhas marcadas a um monitor eletrônico. Acredito que o Kindle será apenas mais uma plataforma de leitura, talvez utilitaríssima, mas incapaz de reproduzir a lúdica experiência da interação com as páginas de papel. Mal comparando, assim como a TV não decretou o fim do rádio e a internet resiste em acabar com o jornal, acredito que o novo bichinho virtual muito dificilmente derrotará o livro. Parabéns pelo blog, querida Leda. Sensível, inteligente e, como só poderia ser, muito bem escrito.
ResponderExcluirEu tenho PAVOOOOR de ler nas tela e sou viciada em cheiro de livro novo! Se depender de mim, essa maquininha não vai pegar....
ResponderExcluirBeijos,
Lu Kreidel