Saí do meu antigo emprego em novembro. Comecei no meu novo emprego em dezembro. Voltei ao meu casamento e o desmanchei em inúmeras vezes nos últimos meses. Sofri e desesperei-me, alegrei-me e trabalhei duro para mostrar serviço no admirável mundo novo da internet. E entre tantos sobressaltos e descompassos, confesso, chegando finalmente ao lead: deixei a literatura um pouco de lado, os livros sem instantes, o blog para depois. Mas este sempre chega. E me veio à noite, mais precisamente de madrugada, depois de rascunhar uma matéria que pretendo escrever mais com a pena do que com o teclado. Pena pela história do outro e pelo som que ela faz ao arrastar-se sobre o papel, em confidência. Que vida há mais do que expormos a nossa própria, do que humanizarmos a do outro pondo-nos em seu lugar? Posso fazer as duas. Com o blog, a minha. Com a minha profissão, a do outro. Pretendo prometer que não mais deixarei esse blog de lado, pela sanidade da minha. Pela volúpia de contar-me, expor-me aos olhares dos outros. O que é a literatura, além disso? O que é a literatura além da nudez explícita do que somos, de quem somos, do que podemos ser? Palavras, sou-lhes, na liberdade da construção antigramatical de Fernando Pessoa. Palavras, sejam-me.(Leda Balbino)
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