sexta-feira, 9 de abril de 2010

O vocabulário da nova geração

Semana passada, fui jantar com a Leda no nosso restaurante preferido: a Mercearia do Francês, ali em Higienópolis. Depois de colocar a conversa em dia, passamos ao momento literário da noite. Coisas do tipo: o que você está lendo, o que tem escrito, percepções e descobertas da literatura. Foi então que nos deparamos com uma realidade comum: o nosso vocabulário está hoje para a nova geração quase como o vocabulário de Machado de Assis estava para nós quando lemos Dom Casmurro pela primeira vez. Sim, os jovens de hoje – entre 18 e 25 anos, integrantes da chamada Geração Y, têm um jeito próprio de se comunicar: abreviações, gírias e neologismos fazem parte do seu vocabulário. Parecem desconhecer sinônimos belos das palavras mais simples. Ao ouvir algumas palavras como “balbúrdia” , “inexiste” , “irascível” (pronunciadas por nossa amiga Leda Balbino), ou uma simples “pujança”, os olhares saltam. Nunca nenhum deles ouviu tais palavrões (com o perdão do trocadilho). Ou então, ouviu, mas nunca usou. Para nós, soa uma pouco limitado. Para eles, soamos antiquadas. Afinal, o vocabulário é vivo e se renova com o tempo. O interessante, nesse encontro de gerações, é aprender com os novatos . Seria interessante também se eles gostassem de aprender conosco (hum, conosco também parece coisa do passado!) Desconhecer algumas palavras só não é tão cruel quanto derrapar no uso delas. E aí não é apenas um problema de geração, mas um problema de formação. Os exemplos mais básicos encontramos ao nosso lado, entre os próprios jornalistas . Quer alguns? "Namorar com fulano (no lugar de namorar fulano); "Há cinco anos atrás" (quando o há dispensa qualquer tempo), " Quer que pego para você? (ai, essa dói..mas ouvimos tanto); Isso fica entre eu e ela (no lugar de mim e ela). E nosso jantar acabou em risadas, lembrando das novas palavras dos jovens, dos erros mais comuns de nosso português e dos mestres Guimarães e Pessoa, que ousavam em seus vocabulários – mas (e só porque) os dominavam como ninguém. (Daniela Diniz)

Um comentário:

  1. Excelente! O choque de gerações é evidenciado pelo vocabulário. As gerações anteriores possuem linguagem garbosa. Nesse ponto, prefiro ser "démodé".

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