terça-feira, 14 de julho de 2009

15 Minutos com Llosa

São 15 minutos até o trabalho. Nesse trajeto de ônibus até o Estadão um livro sempre me acompanha. São 15 minutos só para mim, sem ter de me preocupar com nada além de ler palavras que me dizem tanto. Atualmente leio “La Ciudad y los Perros”, o primeiro livro publicado de Mario Vargas Llosa. A obra, que o escritor peruano levou três anos para concluir, descreve a dura rotina do Colégio Militar Leoncio Prado. Um misto de ficção com um quê autobiográfico, o livro narra a experiência de vários estudantes no colégio e também suas vidas fora dele, com seus conflitos familiares, a transição da infância para a adolescência, a busca do amor. Ao longo das 444 páginas da edição espanhola da Punto de Lectura, o leitor vai percebendo como Llosa é um estrategista: a história não lhe surge de inspirações espontâneas, mas de um provável planejamento contínuo, em que antecipa a conseqüência para só nos contar a causa páginas depois. É um prazer lê-lo e descobri-lo página por página, letra por letra – e por diálogos que recorrem ao não dito para se fazer ouvir. E é ainda um prazer maior ler “La Ciudad e los Perros” por saber, pelo prólogo do próprio autor, que esse é o livro que o encorajou a perseverar na escrita e presentear seus leitores mais tarde com títulos como “A Festa do Bode”, “Pataleón e as Visitadoras”, “Conversa na Catedral”. Nas palavras do próprio Llosa: “Este é o livro que me deu mais surpresas e graças ao qual comecei a sentir que se fazia realidade o sonho que alentava desde as calças curtas: chegar um dia a ser escritor”. (Leda Balbino)

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