terça-feira, 21 de julho de 2009

A arte de dar livros


Hoje fui incumbida de uma missão: comprar um presente para o chefe do meu marido. Já havia pensado num bom presente, o excelente CD Mi Buenos Ayres Querido, de Daniel Baremboim. Descobrimos, porém, que ele já tem. Não tive outra escolha a não ser pensar no melhor presente dos mundos: um livro. Melhor no sentido prático: é fácil, dificilmente é caro e, geralmente, agrada. Mas aí vem o desafio -- qual livro escolher? Eu tenho um cuidado extremo ao presentear amigos com livros. Quem ama livros sabe do que estou falando. Em primeiro lugar, gosto de dar aquilo que já li. Comprar um livro no escuro é o mesmo que dar uma blusa tamanho extra grande para um pessoa minúscula. Não dá. Costumo chamar isso de Síndrome de Chico Buarque. Basta o compositor lançar uma obra, ela vira opção número 1 na lista de presentes. Em segundo lugar, analiso não apenas o que eu gosto mas sim se a obra vai agradar meu presenteado. Nem todo mundo está disposto a ler Fernando Pessoa, por exemplo. E aí equilibro as coisas. Se o livro foi bom para mim e se poderá ser bom para aquele perfil. Fecho a conta assim. E foi assim que escolhi Desonra, de JM Coetzee para o chefe do meu marido. Além de ser um dos melhores livros da literatura contemporânea que já li, tem o perfil do aniversariante. Sempre salva também o selinho milagroso de troca. Afinal, às vezes você acerta tanto que seu presente já está na estante de quem vai recebê-lo. (Daniela Diniz)

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